•  O livro de Ouro da Psicanálise

      O pensamento de Freud, Jung, Melanie Klein, Lacan, Winnicott e outros



KLEIN versus FREUD
FORMADA SOB A INFLUÊNCIA DE JONES, FERENCZI E ABRAHAM, A ESCOLA INGLESA TEVE MELAINE KLEIN COMO PROTAGONISTA, CONTRAPONDO-SE AO GRUPO VIENA, DE ANNA FREUD
Marina Massi


“De um modo geral, os progressos de Melaine Klein e da Sociedade Psicanalítica Britânica caminharam de mãos dadas”.
Hanna Segal


Melanie Klein foi a protagonista daquela que ficou conhecida como a Escola Inglesa de Psicanálise, uma perspectiva teórica e clínica que influenciou, a partir de Londres, parte significativa do campo psicanalítico internacional.
A história da formação de Melanie Klein como psicanalista e da constituição da Sociedade Psicanalítica Britânica estão muito entrelaçadas e necessitam ser vista a partir dessa óptica.


As passagens mais significativas desse encontro entre Melanie Klein e os ingleses são como um retrato de uma terra fértil à espera de uma mãe criativa e geradora de muitos frutos. Desse encontro nascem a teoria e a clínica da chamada Escola Inglesa.
Inicialmente, devemos salientar que os primórdios da formação da Sociedade Psicanalítica Britânica são anteriores à chegada de Melanie Klein a Londres. Sua origem nos remete diretamente à figura de Ernest Jones, fundador dessa sociedade, biógrafo de Freud e “embaixador” da psicanálise para questões internas e externas do movimento psicanalítico internacional.


Os atributos de Jones, desenvolvidos ao longo do seu percurso psicanalítico, podem ser pensados como marcas indeléveis da importância de Freud, na Inglaterra no ano de 1939.
Jones fundou, em 20 de fevereiro de 1919, a The British Psycho-Analytical Society e foi seu presidente ate 1944. Enquanto Jones fundava a Sociedade Psicanalítica Britânica, Melanie Klein, em análise desde 1912 com o psicanalista húngaro Sándor Fereczi (que iria até 1919), apresentava seu primeiro artigo “The development of a child” (O desenvolvimento de uma criança), através do qual se tornou membro da Sociedade de Budapeste. Vale lembrar que Jones, em 1913, fez sua análise didática com Ferenczi, tornando-se o primeiro analista a ser analisado.


De Ferenczi, que a incentivara a fazer observação de crianças, Klein tomou emprestadas as noções elaboradas em 1913, como a “fase de introjeção” (segundo Ferenczi é a fase da onipotência infantil) e a “fase da projeção” (fase da realidade), transformando-as com originalidade e reelaborando-as a partir da observação direta de crianças. Em 1920, no congresso da Associação Psicanalítica Internacional (IPA), em Haia, Melanie Klein foi apresentada ao psicanalista alemão Karl Abraham por intermédio de Sándor Ferenczi. Ficou absolutamente impressionada com Abraham, que elogiou muito seu trabalho de análise infantil. Esse encontro a estimulou a mudar-se para Berlim em 1921, e abrir consultório para atendimento de adultos e crianças. Assim, Klein, aos 40 anos, tornava-se membro da Sociedade Psicanalítica de Berlim, ingressando oficialmente na IPA.


A mudança para Berlim foi uma importante decisão em busca de seu desenvolvimento em psicanálise. Afinal, Karl Abraham, em 1911, já havia publicado o artigo “Notas sobre a investigação psicanalítica e o tratamento da insanidade maníaco-depressiva e condições afins”, no qual estudava as semelhanças entre a depressão grave e o processo normal de luto. Abraham relatou ter feito um progresso significativo em um caso de psicose maníaco-depressiva.
Assim, Melanie Klein pôde, a partir dos resultados dos trabalhos de Karl Abraham com adultos, compreender que a origem das neuroses e das patologias mais graves, vistas em adultos, poderia também ser compreendida diretamente através da análise de crianças pequenas.


Em 1924 teve inicio a segunda análise de Klein Abraham, que durou nove meses, sendo abruptamente interrompida, pois ele viria a falecer no dia de Natal, aos 48 anos de idade. A morte de Abraham, de quem Klein considerava-se discípula, foi um choque e uma das maiores perdas de sua vida.
Karl Abraham substituiu Ferenczi como seu mentor, e ela tomou emprestadas dele tanto a teoria das fases pré-genitais como a aceitação da noção da pulsão de morte;


Jantar de celebração dos 70 anos de Melanie Klein, emLondres. A pisicanalista esta de pé, no centro, ao lado de Ernest Jones, Winnicott é o primeiro em pé, `a direita.


Klein aderiu mais depressa que os outros analistas à hipótese da existência de uma pulsão de morte no bebê, em resposta ao medo de seu aniquilamento.
Hanna Segal sintetiza o encontro de Klein com seus dois analistas: “Embora tivesse recebido de Ferenczi o conceito de projeção, a obra de Abraham, especialmente sobre a melancolia, foi a influência mais decisiva. Considerava-se sua discípula, e sua obra uma contribuição e desenvolvimento das de Freud e Abraham”.
Ela aprimorou, também a partir do contato com Abraham, a arte de relatar os estudos de caso clinico e também refinou as sutilezas da técnica de jogo. Podemos imaginar o quanto Abraham deve ter influenciado a compartilhado com Klein uma intensa afinidade psicanalítica.


ANALISTAS LEGAIS E AS CRIANÇAS
Nessa época, já é notável a diferença de enfoque entre Klein e Hermine Von Hug-Hellmuth insistia na separação da experiência analítica da influência educativa e parental. Ela acreditava que o livre brincar das crianças com jogos e brinquedos, assim como qualquer comunicação verbal de que elas fossem capazes, poderiam servir a um propósito equivalente ao da livre associação no adulto.


“O rasgo de gênio de Klein”, diz Hanna Segal, “reside em ter observado que o modo natural de uma criança expressar-se era através de jogos e brinquedos, e que, por conseguinte, estes poderiam ser usados como meio de comunicação com a criança. Brincar, para a criança, não é ‘apenas brincar’. Também é trabalho”.
Porém, depois da morte de Abraham, sem o apoio e a proteção de seu analista, sua estada em Berlim tornou-se bastante difícil em razão dos ataques que passou a receber do grupo de Berlim e do assim chamado grupo de Viena, ligado a Anna Freud.


A sociedade de Berlim apoiou Anna Freud que, quase simultaneamente a Klein, havia iniciado seu trabalho com crianças. O pensamento psicanalítico de Melanie Klein foi considerado pouco freudiano pelos grupos de Viena e Berlim, iniciando-se assim os intensos conflitos entre duas psicanalistas, cuja continuidade posteriormente em Londres se realizaria sob o desígnio do que ficou conhecido como As Controvérsias Freud-Klein (1941-1945).


O fato é que com todas as divergências acima assinaladas, é importante salientar que foi através do trabalho de analistas leigas mulheres como Hug-Hellmuth, Melaine Klein e Anna Freud, na década de 20, que a análise infantil se firmou enquanto possibilidade real, e não somente como forma de observação para o auxílio à análise de adultos.
A criança paciente teve, então, seu início na psicanálise através de mãos femininas.
Thompson, em Early women analyst, chama a atenção para o fenômeno mais geral de ascensão profissional das mulheres à época: “Paralelamente a esse trabalho, houve um movimento liberal/feminista em toda a Europa, que tornou possível às mulheres ingressarem em faculdades, profissionais como medicina, no fin-de-siècle. Outras analistas como Hélène Deutch e Karen Horney estavam entre a primeira geração de médicas cujos trabalhos e escritos sobre o papel da maternagem e do desenvolvimento feminino entre analisadas e colegas mulheres começou a ter impacto depois da Primeira Guerra Mundial”.


KLEIN CONHECE ERNEST JONES
Numa conferência no congresso internacional em Salzburgo, em 22 de abril de 1924, Klein apresentou o seu primeiro trabalho sobre a técnica de análise infantil tendo como ouvinte Ernest Jones, que ficou positivamente impressionado com ela e, como Abraham, concordou que o futuro da psicanálise encontrava-se na análise infantil.
Nesse mesmo ano, Alix Strachey (esposa de James Strachey, ambos tradutores de Freud para o inglês), que se encontrava em Berlim fazendo análise com Karl Abraham, remeteu um relatório à Sociedade Psicanalítica Britânica sobre o trabalho de Klein com crianças, o qual provocou um enorme interesse. Em consequência desse relatório e do encontro com Jones com Klein, ele a convidou para ir a Londres, em julho de 1925, a fim de realizar uma série de seis conferências sobre análise infantil.
O interesse é tal que, mesmo contando com apenas 27 associados, a conferência é transferida da Sociedade Britânica para o salão da cada do dr. Adrian Stephen (irmão de Virginia Woolf), na Gordon Square, nº 50. Klein tem sua porta de entrada aberta por ninguém menos que os membros do influente grupo de Bloomsbury. Essas conferências viriam a ser a base inicial para o primeiro livro: The psycho-analysis of children ( A psicanálise de crianças). Hanna Segal conta que essas três semanas passadas em Londres, nas quais Klein proferiu essas conferências, foram consideradas por ela uma das épocas mais felizes de sua vida.


EM LONDRES
A mudança teórica e prática na psicanálise inglesa em virtude das contribuições de Melanie Klein deu-se depois da Primeira Guerra Mundial, quando Klein foi convidada a residir em Londres, apoiada e bem recomendada como analista por Ernest Jones, que indicou sua esposa Katherine e seus filhos Mervyn e Gwenith para sem tratarem com ela (apesar de o acompanhamento de parentes pelo mesmo analista não ser aceito atualmente, a não ser no caso de uma terapia familiar, o procedimento era comum naquela época, ainda visto como possível dentro do conjunto das regras técnicas em psicanálise).


Klein, finalmente, chegou a Londres, sua pátria adotiva, em setembro de 1926, como residente, e participou pela primeira vez de uma reunião científica da Sociedade de Britânica em 26 de outubro de 1926, constando em ata como “visitante”. Em 17 de novembro de 1926, apresentou sua primeira comunicação, intitulada “Notes on the psycho-analysis of a child aged Five years” (Observações sobre a psicanálise de uma criança de 5 anos).


Klein realmente parecia disposta a marcar a presença de suas ideias no meio psicanalítico, pois no período entre 1921 e 1926.
ela já publicara seis artigos. Como notam Cintra e Figueiredo, em Melanie Klein: estilo e pensamento, “uma produtividade já bastante notável para quem era ainda, apesar da idade, uma iniciante na psicanálise e uma verdadeira outsider em termos de vida acadêmica e intelectual, pois não possuía qualquer titulo universitário”.
Em fevereiro de 1927, ainda como convidada, ela apresentou outro trabalho sobre “The importance of words in early analyses” (A importância das palavras nas análises dos primeiros anos). De acordo com Pearl King, após esta apresentação Klein tornou-se membro da Sociedade Britânica.


Em maio do mesmo ano, Barbara Low leu prefácio do livro de Anna Freud intitulado Introduction to the tecnique of the analysis of children (Introdução à técnica de análise de crianças), publicado em alemão. Nesse trabalho, Anna Freud dizia não acreditar no desenvolvimento da transferência na criança como acontece com os adultos, na medida em que os afetos dela ainda estavam ligados aos pais e seus relacionamentos reais impediam o desenvolvimento de uma neurose de transferência com o analista, impossibilitando a análise. Portanto, ela era mais educativa do que interpretativa. Anna tampouco acreditava na idéia das “análises profiláticas” de Klein.
Melanie Klein marcou presença novamente, sendo rigorosa em suas críticas ao prefácio do livro de Anna Freud e encontrando receptividade nos debatedores presentes: Riviere, Searle, Sharpe e Jones. As contribuições para essa discussão foram posteriormente publicadas no International Journal of Psycho-Analysis (IJPA), o que desagradou à família Freud.


Nessa época já existia um profundo interesse pelo trabalho com crianças e uma prática incipiente de atendimento infantil. Nina Searle já o iniciara e Sylvia Payne apresentou uma comunicação sobre análise infantil, embora nunca tivesse pessoalmente analisado uma criança. Susan Isaacs chegou à psicanálise através do campo da educação e Donald Winnicott, da pediatria. Mediante o profundo interesse existente, Klein foi bem recebida e pôde fazer muitos amigos e fiéis seguidores, que mais tarde, na época das Controvérsias, se revelaram importantíssimos na defesa da sobrevivência da inovadora obra, tais como: Joan Riviere, Susan Issacs e mais tarde Paula Heimann. Pode-se notar que o fenômeno Klein veio para catalisar uma verdadeira ascensão da presença da mulher no mundo da psicanálise, que até então tinha seu início marcado pela presença de vários analistas homens ao redor do mestre Freud. Klein trazia e representava uma mudança radical em várias esferas da vida psicanalítica da época.
A fama de Melanie Klein fez-se rapidamente, a tal ponto que Ferenczi (primeiro analista de Klein), em visita a Londres em 1927, conta a Freud seu pesar por descobrir “a influência dominante” de Melanie Klein sobre o grupo inglês.


Contudo, Klein continuava a produzir e, em fevereiro de 1928, apresentou o trabalho “Early stage of the Oedipus conflict” (Etapas iniciais do complexo de Édipo). Caminhava corajosamente em suas investigações tendo como pano de fundo uma sociedade bastante arrojada e receptiva às suas novas ideias, o que lhe permitiu desenvolver ainda mais o seu trabalho, sem que esse fosse considerado em Londres como ideias divergentes ou incompatíveis com as de Freud.


Melitta, sua filha, estudava medicina e fazia formação em Berlim onde conheceu Walter Schmideberg, membro da Sociedade de Berlim, e com ele se casou. Em 1930, o casal mudou-se para Londres e Melitta passou a participar ativamente da Sociedade Britânica, mas com o passar do tempo, distanciou-se cada mais das idéias de Klein e tornou-se a sua principal adversária, atacando-a nas Reuniões Científicas da Sociedade Britânica de modo constrangedor, criando um clima difícil para Melanie Klein, que jamais respondeu em público a tais ataques. Conseguiu, em 1935, o apoio de seu analista Edward Glover, que tinha inicialmente apoiado o trabalho de Klein com crianças, mas em janeiro deste ano, Klein leu o seu trabalho “A contribution to the psychogenesis of maniac-depressive states” (Uma contribuição à psicogênese dos estados maníaco-depressivos), Glover considerou que Klein havia ousado demais. Foi nesse trabalho que Melanie Klein formulou os conceitos de posição depressiva, de objetos parciais e totais, das relações de objeto na criança e no seu mundo interno; e distinguiu a ansiedade depressiva da paranóide.


Na discussão desse trabalho em outubro d mesmo ano, alguns analistas como John Rickman, Donald Winicott e Ella Sharpe apresentaram trabalhos influenciados pelo pensamento de Klein. Entretanto, as divergências faziam-se cada vez mais presentes.


DAS DIVERGÊNCIAS ÀS CONTROVÉRSIAS
As divergências entre Londres e Viena aumentavam e Ernest Jones e Federn, este vice-presidente da Sociedade de Viena, preocupados com a situação, organizaram uma série de conferências de intercâmbio (Exchanges Lectures) entre as sociedades de Londres e de Viena, nos anos de 1935 e 1936, procurando esclarecer quais eram essas divergências.


A primeira conferência proferida pelo próprio Ernest Jones foi “Early female sexuality” (A sexualidade precoce na mulher). A terceira conferência dessa série, proferida por Joan Riviere, “The genesis of psychic conflict in earliest infancy” (A gênese do conflito psíquico nos primórdios da infância), foi uma resposta à comunicação “Problems of ego psychology” (Problemas da psicologia do ego) apresentada por Robert Walder na Sociedade Psicanalítica de Berlim no mesmo ano.
O trabalho de resposta foi novamente realizado por Robert Walder sob o título “The problem of the Genesis of psychical conflict in aerly infancy” (O problema da gênese do conflito psíquico na primeira infância), no qual discute todos os pontos levantados por Joan Riviere.


Não fica claro o quanto essas conferências conseguiram alcançar o seu objetivo, pois, com a ameaça nazista, os psicanalistas ficaram ocupados com uma questão mais aguda – o perigo que o anti-semitismo representava para a psicanálise. Alguns analistas judeus passaram a procurar em Londres um paradeiro seguro, contando ainda com a ajuda do “embaixador” Jones que assumiu a missão de ajudar os analistas em perigo e, posteriormente, trazer a família Freud com segurança a Londres. Tarefa bem-sucedida com a providencial ajuda da princesa Marie Bonaparte, da Sociedade Britânica, e do Ministério do Interior do governo britânico. Em 6 de junho de1938, a família Freud chega Londres.
Nesse momento, muitos analistas oriundos de Berlim e principalmente de Viena chegavam a Londres e a correlação de forças começava a mudar. Passado um ano e três meses de sua chegada a Londres, Freud morria em 23 de setembro de 1939. Sua morte liberou a rivalidade existente entre os analistas que passaram a discordar, cada vez mais, entre si.
A controvérsia entre Anna Freud e Melanie Klein tomava conta da vida científica da Sociedade. Porém, com o advento da Segunda Guerra Mundial, as divergências foram adiadas e só em 1942, quando a vida Sociedade voltava à normalidade, é que as antigas divergências transformaram-se em uma série de debates científicos.


AS CONTROVÉRSIAS DE FREUD-KLEIN
No período de 1941 a 1945, os membros da Sociedade de Psicanalítica Britânica se defrontaram com a questão da mudança de correlação de forças dentro da instituição. Antes das Reuniões Científicas que ficaram conhecidas como as Controvérsias, cinco Reuniões Executivas Extraordinárias foram realizadas visando discutir a revisão dos estatutos, a limitação do tempo de ocupação dos cargos da Sociedade, a maneira pela qual a Sociedade estava sendo conduzida, as relações com outras entidades profissionais, enfim, quem deteria o poder na Sociedade Britânica. As Reuniões Executivas Extraordinárias foram presididas por Ernest Jones e as Reuniões Científicas, por Edward Glover (1-7) e pela Dra. Sylvia Payne (8-10).


Quanto às divergências científicas, a principal indagação era em relação aos achados e às teorias desenvolvidas por Melanie Klein: se seu trabalho seria uma continuação da psicanálise, cujas linhas principais tinham sido formuladas primeiramente por Sigmund Freud, ou se estariam essas contribuições apoiadas em premissas tão diferentes que poderiam ser consideradas divergentes em relação às hipóteses básicas de Freud.


Foram realizadas dez Reuniões Científicas Especiais sobre quatro comunicações científicas: em 27 de fevereiro de 1943, “A natureza e a função da fantasia”, de Susan Isaacs, com cinco discussões. Em 20 de outubro de 1943, “Alguns aspectos do papel da introjeção e da projeção no desenvolvimento inicial”, de Paula Heimann, com uma discussão. Em 16 de fevereiro de 1944, “Regressão”, de Heimann e Susan Isaacs. Em primeiro de março de 1944, “A vida emocional e o desenvolvimento do ego no bebê com especial referência à posição depressiva”, de Klein, com duas discussões. Essas discussões científicas que ocuparam a Sociedade Psicanalítica Britânica, de janeiro de 1943 a maio de 1944, não produziram, como Jones desejava, o fim das divergências, mas possibilitaram uma convivência mútua sem maiores cisões.
A Sociedade Britânica, através de um compromisso de convivência entre analistas, estabeleceu uma estrutura tripartite de formação: o grupo Freud, o grupo Klein e o grupo Independente. Para Melanie Klein, esse compromisso firmado foi bastante favorável, pois lhe possibilitou continuar produzindo e formando analistas – sem sentir sua obra ameaçada.


Em 1952, Melanie Klein completou 70 anos de idade e tinha trinta anos de luta e trabalho criativo. Naquele momento, outra leva de discípulos importantes já se destacavam: Hanna Segal, W.R.Bion, Herbert Rosenfeld, R.E. Money-Kyrle e Elliott Jacques. Seus estudos refletiam o alcance do pensamento Kleiniano e tudo o que dele pudesse derivar em outras áreas do conhecimento humano.
Todavia, Klein ainda não havia esgotado sua veia criativa e, em 1957, surpreende com seu livro Inveja e gratidão, e cria uma onda de controvérsias sobre o seu conceito de inveja.
Melanie Klein faleceu em 22 de setembro de 1960, na cidade de Londres, deixando como um enorme legado à Sociedade Psicanalítica Britânica a formação da Escola Inglesa de Psicanálise.